Quando estávamos construindo o modelo de negócio do nosso coworking, o Nau Live Spaces, a ideia de criar uma comunidade me deixava um pouco desconfortável. Me parecia algo muito próximo do gratiluz e me vinha à cabeça abraçadores de árvores – nada contra, mas entendem o que eu quero dizer, né? Não parecia algo compatível com o mundo corporativo.
Claro, eu ainda estava com um olhar viciado no antigo modelo de trabalho, com escritórios rígidos, formais, com o objetivo de diminuir ao máximo distrações e aumentar a produtividade. Foi então que, em uma Conferência que fui nos Estados Unidos, o GCUC – Global Coworking Conference Unconference (assim mesmo) que entendi o real significado de comunidade e sua importância para o ambiente de trabalho, e porque esse é um assunto sério para os coworkings.
Uma das questões mais conhecidas sobre os benefícios de fazer parte de uma comunidade são as conexões e a ampliação do networking. Estar em um ambiente de alta circulação, com diferentes pessoas e empresas é muito propício para aumentar seu círculo de relacionamento profissional, gerando novos negócios, parcerias, projetos.
Isso é com certeza notável em nosso dia a dia no Nau, e é claro que é importante, mas a ideia de comunidade vai além dos negócios.
A sua importância está mais baseada em nossa essência como seres humanos, que, por natureza, somos seres relacionais e precisamos de interações sociais tanto em nossa vida pessoal como na profissional, e nos beneficiamos muito da troca com outras pessoas. Também reside no fato de gostarmos de nos sentir pertencentes a algum grupo, uma tribo.
Portanto, a comunidade tem a ver com relacionamento, acolhimento, identificação e pertencimento.
Em um espaço compartilhado de trabalho nosso relacionamento é ampliado para além dos limites das empresas. A monotonia de encontrar sempre as mesmas pessoas ou de trabalhar com colegas com os quais talvez você não se identifique pode ser facilmente resolvida quando você trabalha em um ambiente habitado por outras empresas. Em um coworking, também não raro surgem novas amizades. E o que melhor do que poder almoçar, tomar um café ou mesmo cruzar com um amigo pelos corredores?
E o que falar dos benefícios para a criatividade e inovação. Os insights para boas ideias raramente surgem quando você está sentado em sua mesa de trabalho, altamente concentrado ou tenso, mas na observação e interação com o ambiente e com outras pessoas. É sobre o tal serendipity que tanto se fala, sobre encontrar algo que se desejava inesperadamente.
E tal como uma comunidade, a diversidade e diferença de visões e comportamentos sempre vão existir. O que de forma alguma é ruim, pois sabemos que a diversidade é extremamente importante não só para nossa existência como seres humanos, mas para os negócios.
No Nau, dizemos que mais do que um ambiente de trabalho, somos uma comunidade de pessoas, ideias e ideais. Nos preocupamos muito com as questões relacionadas à produtividade, mas de igual forma, com o bem-estar e a construção de relacionamentos.
Se você ficou interessado, aí vão algumas dicas que usamos muito em nossa estratégia de comunidade:
Espaço de convívio amplo
Já que vamos passar tanto tempo no ambiente de trabalho, que tenhamos também tempo de qualidade. Já se sabe que as conversas informais durante a pausa para o café são produtivas e de extrema importância para nossa saúde mental, criatividade e inovação. Crie espaços de descompressão informais e acolhedores, onde a pausa para o café possa ser tornar um potencializador de interações e de boas ideias.
Rituais
Existem diferentes tipos de pessoas. Pensando nisso, nem sempre apenas um ambiente de convívio será suficiente e sua comunidade vai precisar de uma “mãozinha” para iniciar a interação uns com os outros. Desenvolva periodicamente ativações e convide todos os colaboradores/residentes/como você chamar a sua comunidade. A aderência de todos vai depender da qualidade e diversidade de ativações que você desenvolver.
Crie espaço de diálogo
Para uma boa comunidade, é necessário boa comunicação. Permita que todos sintam-se ouvidos e envolvidos. Crie canais de comunicação e de feedbacks. Assim, as próprias pessoas podem dar ideias de o que está funcionando e o que pode ser melhorado.
E você, já faz parte de uma comunidade?
Este texto teve colaboração de Camila Borelli, CEO do Nau Live Spaces, que encontrou a sua comunidade.
Ahoy!