A rotina estruturada deixa de fazer sentido para muitas empresas e passamos a confiar nos profissionais.
Quem diria? Falar sobre o futuro não é uma tarefa fácil, principalmente depois de vivenciar as surpresas de 2020. Quem se arrisca a prever alguma coisa? Mas algumas reflexões e análises são importantes para o nosso próprio desenvolvimento. Neste texto, trago alguns pontos interessantes sobre o futuro do trabalho, e vale lembrar que cada um de nós vive um desafio diferente e pode ser que este futuro esteja mais próximo para algumas pessoas e para outras, nem tanto.
O impacto da pandemia para a nossa percepção
Em 2020, a pandemia proporcionou uma mudança estrutural em diversas empresas. Escritórios fechando, grande parte dos profissionais foram para a casa e tiveram que experimentar algo parecido com o home office, mas que na verdade era um grande estado de sobrevivência. O que aconteceu neste período, você se lembra?
Sem estrutura desenvolvida e muitas diretrizes para colocar em prática, fomos apenas vivendo e experimentando algo que até então não fazia parte das nossas vidas: a confiança, a flexibilidade e um novo preenchimento das horas de trabalho (claro, vale lembrar que muitas delas foram parar no Zoom ou Google Meet, mas não vamos perder o fio da meada aqui).
Como eu posso ter certeza de que fulano está de fato trabalhando?
– Como você tem certeza de que o fulano está trabalhando quando está no escritório?
Enquanto isso… Chega a Grande Renúncia
A Grande Renúncia ou Grande Resignação foi um fenômeno visto principalmente nos Estados Unidos nos anos de 2021 e, principalmente, 2022, quando mais de 20 milhões de americanos decidiram deixar seus empregos – em 2019, esse número foi de 16,7 milhões. O que levou essa galera a deixar as empresas?
Bom, temos uma grande combinação de fatores, mas o principal é a adoção em massa do home office. Isso fez com que muitas pessoas fossem em busca de novas oportunidades (algo melhor no quesito salário e também qualidade de vida). E no Brasil? Olha, por aqui, 500 mil pessoas pediram as contas mensalmente, quase o dobro do registrado nos anos anteriores à pandemia.
Acesse aqui e leia mais sobre A Grande Renúncia.
Quiet quitting… é o que?
Em português podemos entender como “demissão silenciosa”. O termo deu uma boa viralizada recentemente, e é bem importante falarmos sobre isso. De modo geral, sugere-se que as pessoas façam o mínimo para que possam permanecer empregadas – o que num primeiro momento parece um movimento de “beleza, vamo dar uma relaxada galera, larga mão de se envolver muito”, mas vale a gente explicar e interpretar melhor.
O movimento está muito mais relacionado a “tá ficando complicado, vamos construir um equilíbrio”. Para que as pessoas permaneçam nos seus trabalhos, mas de uma maneira viável, sem correr o risco de explodir a qualquer momento, sabe?
Entregar o trabalho pelo qual você recebe, é um papo simples e de certo modo óbvio, mas estamos falando de balancear as coisas. Uma geração se viu tendo que escolher entre ter sucesso ou ter saúde, e isso faz com que conversas como esta aconteçam. E que bom que estamos falando sobre isso 🙂
“Nossos dados indicam que a demissão silenciosa geralmente é menos sobre a vontade de um funcionário de trabalhar mais e de forma mais criativa, e mais sobre a capacidade de um gerente de construir um relacionamento com seus funcionários onde eles não estão contando os minutos até a hora de sair.” Leia mais aqui, na Harvard Business Review.
Como os líderes podem se preparar para o futuro?
O grande papel dos gestores e líderes está em contribuir para que o futuro do time seja positivo e de crescimento. A especialista em liderança Debbie Lovich compartilhou em seu TED: três dicas para os líderes contribuírem com o futuro do trabalho.
- Confie no seu time
Muitos profissionais estão provando a sua confiabilidade desde 2020, quando precisaram se autogerenciar e manter as coisas acontecendo. A nossa relação com a produtividade precisa ser cada vez mais profunda do que a ideia de: ufa, eles estão no escritório e por isso estão produzindo.
- Seja orientado por dados
Nós temos a mania chata de acreditar que nossas opiniões são fatos e verdades. Quando na verdade, precisamos ter dados que comprovem uma convicção. Se você tem dúvidas com relação a produtividade do seu time, teste. Traga informações que comprovem ou não, só assim você terá segurança para encarar os próximos passos.
- Pense além do cronograma
Como podemos remodelar o trabalho para que ele se encaixe em nossas vidas? Viver para trabalhar é uma ideia que faz cada vez menos sentido para os profissionais, que passam os dias em busca de um equilíbrio entre as horas disponíveis e a quantidade de trabalho a ser feito. O que conseguimos reduzir? Reuniões presenciais, reuniões desnecessárias, reduzir processos, revisar, testar e por aí vai.
Tendências do futuro do trabalho
Ok, até aí está fácil se preparar para o futuro, né? Mas sabemos que tem muita tecnologia e informação no meio disso tudo. Por isso, aproveitei para trazer algumas tendências para você ficar por dentro!
- Eu ouvi dancinha? Nada disso… empreendedorismo!
Com aproximadamente 2 milhões de pessoas criando conteúdo em tempo integral, online, os criadores estão redefinindo o empreendedorismo, diz Amy Webb (uma das principais futurólogas do mundo, quando o papo é tecnologia).
- Saúde mental permanece em pauta (e agora, corporativa)
A pesquisa “O futuro da vida no trabalho”, feita pela Sodexo, entrevistou colaboradores de vários países e apontou que um olhar para a saúde mental e para a vida pessoal será fundamental a partir de 2022.
Entre os brasileiros que disseram ter a saúde mental afetada durante a pandemia, 91% são receptivos a receber ajuda dos seus empregadores.
- Vamos reorganizar as prioridades da vida?
O estudo realizado pela Microsoft revelou como as prioridades dos funcionários mudaram nos últimos dois anos.
- 53% estão mais propensos a priorizar a saúde e o bem-estar.
- 47% estão mais propensos a priorizar a família e a vida pessoal.
Leia mais sobre Tendências do Futuro do Trabalho, aqui.
Lembra da época em que a gente colocava o trabalho sempre em primeiro lugar? Aparentemente, as coisas estão começando a mudar. Ok, sabemos que tudo isso tem um longo caminho a ser percorrido e que nem todos os mercados estão prontos para algumas mudanças. Vale a gente se lembrar que, todos os dias, muitas pessoas ainda saem de suas casas para encarar rotinas exaustivas e bem distantes do modelo baseado em confiança e vida remota.
O meu objetivo aqui era compartilhar com você algumas reflexões e principalmente te lembrar que as coisas estão mudando, mas cada um de nós precisa fazer a sua parte. Que cada um possa contribuir de alguma forma para times mais unidos, com grande confiabilidade e bons processos de trabalho.
Mais foco em resultados, qualidade de vida e confiança e menos paranóias.
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