No meu texto anterior nessa coluna a gente debateu o que mais os jovens gostariam de buscar no mercado de trabalho pós pandemia, lembra? Pois uma das coisas que nós jovens (eu nem tanto) buscamos é a flexibilidade. Ou seja, de tudo um pouco. E por esse tanto de “querer” do jovem hoje que, eu já adianto, esse texto tem mais dúvidas que respostas.
E por favor, se você acha isso um defeito da geração atual “ai querem tudo”, “ai assim não vão atingir seu potencial”, eu preciso te dizer, da forma mais empática possível: você não tem muito o que fazer a respeito. A gente tá falando de uma geração, não é uma ou outra pessoa, não é algo mutável de forma individual. E é essa a que nós temos. E, sinceramente? Eu prefiro estar perto dos jovens (risos).
Bom, mas eu imagino que se você tá aqui você também quer entender isso, e certamente a principal demanda desta geração, pós-pandemia, é sobre flexibilidade de trabalho quando falamos de presencial ou híbrido, segundo matéria publicada pela FastCompany. De fato, uma vida 100% remota parece não agradar mais tanto o jovem como no começo do mundo pandêmico. Porém, C A L M A. Isso não quer dizer que o jovem quer voltar ao presencial, não.
Segundo essa pesquisa citada da Deloitte, os jovens “preferem a independência, não o isolamento”. E infelizmente essa é linha que hoje ainda é facilmente cruzada por lideranças que se acostumaram a ver sempre seus funcionários/as trabalhando sob seus olhos.
E precisamos somar a isso fatores culturais importantes no Brasil, né? Então precisamos fazer um olhar crítico para esses estudos geracionais de ampla amostra que temos acesso, porque na maioria são realizados com pessoas norte-americanas, onde estão os maiores centros de pesquisa. E isso muda tudo.
Pois perceba, a frase “o que engorda o boi é o olho do dono” se torna uma verdade no Brasil especialmente, por conta de uma cultura empreendedora enviesada pela longa história escravagista que acompanha a nossa sociedade (não estamos falando de todos empreendedores, obviamente). Mas isso precisa ser levado em consideração nesses estudos, já que, pelo menos daqui onde eu enxergo, parece ser bem mais difícil realizar essa independência que a juventude demanda, enquanto tivermos lideranças tão apegadas ao presencial como forma de “vigília da produtividade”.
Segundo esse mesmo estudo, o/a jovem prefere tarefas isoladas, ao invés daquelas que dependem das interações com os times, mas isso não quer dizer que deseje o isolamento total. Em momentos oportunos o acesso a um espaço de confraternização e reuniões pontuais é muito bem vindo.