O que vem após infoprodutos e gurus de marketing?

Capa para artigo de Lucas Schuch sobre infoprodutos digitais e gurus do marketing
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Após toda grande tendência, existe a natural queda da intensidade do assunto. Se a gente olhar para a indústria da moda, por exemplo, uma tendência dura em torno de um ano. Pois é. Agora, você já pensou há quanto tempo falamos de infoprodutos no digital? Já tem alguns bons anos, né? Pois bem, nada mais natural que agora essa tendência também acabar se enfraquecendo né? 

Quando a gente está falando de infoprodutos, estamos falando de um conteúdo que se propõem a ensinar algo e que tenha por trás uma estratégia de lançamento digital. O problema desse cenário todo é que, juntamente com infoprodutos, vieram perfis de empreendedores e pseudo-cientistas. Com fórmulas milagrosas, que prometiam a tão sonhada realização das vendas e enriquecimento.

O ponto de virada, a meu ver, acontece nessa barriga da mudança. Quando após a terra prometida, as pessoas que compraram tais cursos, produtos e lançamentos, entenderam que, mesmo depois da compra daquele curso, teriam muito trabalho para além de aplicar uma fórmula pronta, para que resultados aparecessem, e que também, mesmo fazendo tudo direitinho, outras variáveis impactariam nesses resultados, que não só seu esforço individual.

E quanto as pessoas passam de encantadas, para céticas, você já viu né? É natural que essa descida se acelere.

Veja, não à toa, as fórmulas mágicas de lançamento, que prometiam muito dinheiro em tempo recorde, passaram a ser motivo de piadas e memes na internet. E as pessoas que ficaram conhecidas como gurus de marketing digital, passam por uma dificuldade grande de reposicionamento. Inclusive, vários desses saindo do mercado, após a maior plataforma de comercialização de cursos (a Hotmart) ter retirado do ar vários cursos que faziam falsas promessas de enriquecimento (como visto nessa matéria do UOL).

A frustração pode ser o problema

Eu sinceramente não tenho respostas definitivas da razão desta queda, mas eu apostaria na frustração que esses anos todos comprando cursos com promessas inatingíveis gerou nas pessoas.

Veja, uma vez que você comprou um curso, e não atingiu as promessas de resultado, vamos tender a achar que fizemos algo errado. E infelizmente essa sempre foi a argumentação dos promotores destes cursos milagrosos. Responsabilizar as pessoas que não atingiram essas metas por terem sido fracassadas, afinal, a metodologia foi testada, né? 

Aí que tá o problema. Na maioria das vezes, não. A gente está falando de anos e anos das pessoas comprando os cursos dessas mesmas pessoas, que não necessariamente tiveram tempo de testar essas metodologias. 

E aí, meu amigo, minha amiga, quando uma comunidade inteira começa a conversar e entender que não foi só ela que falhou, mas que a imensa maioria não atinge esses resultados, a frustração que era individual, passa a ser coletiva. Não tem estratégia de lançamento, boa oratória, ou novos cursos, que sustentem o interesse pela recompra.

A vulnerabilidade como uma saída

O que me motivou a escrever esse artigo, foi UM DOS cards, dentro de UM DOS posts, que divulgava UM DOS eventos do próprio Share aqui. 

Print retirado de postagem publicada no perfil do Instagram do Share
Carrossel publicado noInstagram do Share (Reprodução/Share)

Se eu tivesse que apostar em uma forma de contornar essa má impressão que anos de gurus tentando vender e vender algo geraram, eu apostaria na vulnerabilidade, muito bem utilizada nesse post.

Eu sei que essa palavra também foi esvaziada com o tempo, então use-a com cautela, tá? Mas, se mostrar genuinamente na mesma posição que outras pessoas em lugar de aprendizado, é uma das principais formas de estabelecer uma conexão de aprendizagem significativa.

O que eu quero dizer com isso é: vamos continuar precisando vender produtos, especialmente os de ensino, cursos, e tudo mais. Só que vamos precisar fugir dessa posição de detentores únicos do conhecimento, que sabemos todas as respostas, e que temos os atalhos.

Se coloque na posição de não saber todas as respostas, não ter fórmulas prontas, nem saídas fáceis. Essa é uma tendência de ensino importante pra você seguir, que não cria um distanciamento e nem gera frustração no seu público, quando ele for te considerar de novo pra consumir um conteúdo.

Eu apostaria todas as minhas fichas em uma próxima fase dos infoprodutos, mais honestos e transparentes. Que debatem criticamente o desafio de vendas que todo negócio tem e que não responsabiliza cada usuário em caso de insucesso. 

Fazer isso aumenta as chances daquela pessoa se sentir acolhida naquela comunidade e não que procure o próximo guru, uma vez que agora nós entendemos que as respostas não estão neles, mas nas nuances de cada negócio e objetivo comercial. 

Lucas é publicitário, pesquisador, doutorando em comunicação pela UFSM e âncora do podcast e projeto “Propaganda não é só isso aí”, que entrevista vozes expoentes do mercado, debatendo com olhares críticos as mudanças na publicidade.

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