O abandono de ideias e a maturidade profissional

Pode falar a verdade vai, é muito legal quando a gente consegue trazer uma ideia, uma proposta, uma dica que funciona. Quando a empresa ou o time abraçam as nossas ideias, isso nos motiva, nos mostra confiança e como eles veem um bom resultado no que você trouxe. Isso tudo é muito legal, dá aquele gás na carreira, na autoestima profissional, mas também pode fazer com que a gente alimente cada vez mais o nosso apego – o que pode ser bem perigoso. 

Uma grande armadilha no ambiente profissional é você construir o apego pelas coisas. Seja uma ideia sua ou do seu colega, se apegar é sempre perigoso. O apego ele precisa estar muito bem fundamentado em bons argumentos e se possível: dados. Se apegar em um projeto, um produto, uma campanha, e não ter bons argumentos para defendê-los, é a prova de que você só está sofrendo para dar o famoso lerigou, sabe? Abandonar uma ideia nunca vai ser fácil, principalmente se ela for sua. 

Eu tive alguns bons anos de trabalho com criação de conteúdo, o universo que é recheado de ideias e pitacos, onde corremos um grande risco da ideia flopar ou viralizar. E aí meus amigos, você quer MUITO colocar os seus pensamentos no feed, você vê muito potencial em algumas oportunidades de conteúdo, mas sinceramente, pode ser só uma ideia que você gosta muito, mas na prática não vai entregar o resultado esperado. 

Dados e resultados

Na vida real, é isso o que importa: se vamos manter uma ideia ou não, os dados precisam responder essa pergunta. Se uma ideia foi boa ou não, os resultados precisam te dizer. No fim das contas, não importa se foi muito legal, se você gostou, se ficou bonito… infelizmente isso é muito raso perto dos argumentos que precisamos encontrar. E o mais importante: não é sobre você, é sobre o trabalho. 

Se a sua proposta não foi aceita, isso não tem absolutamente nada a ver com você, com a sua capacidade ou relevância no time. Ok, sabemos que existem casos e casos e tudo pode acontecer, mas deu pra entender o meu ponto, né? A grande questão é que quando se trata de criatividade, de decisões sobre fazer X ou Y, a gente se agarra com unhas e dentes e deixa o lado racional de fora da conversa, e isso não pode acontecer. Considerando que o time está trabalhando pelo mesmo objetivo, em busca do mesmo resultado, precisamos ser práticos e talvez assumir que a ideia do colega é muito melhor do que a minha. 

Tem uma frase Budista que eu gosto bastante, e que reflete de forma simples tudo isso. “O apego à visões, o apego à ideias, o apego às percepções, são o maior obstáculo para a verdade.” Ou seja, toda e qualquer insistência em uma verdade absoluta, pode ser perigosa.

Maturidade profissional 

É claro que para chegar nessas conclusões eu sofri um pouquinho a cada ideia não aceita. Por muitas vezes pensei: mas se tivéssemos feito do jeito que falei, poderia ter sido melhor. Poderia? Sim, sempre pode… mas não foi e a vida precisa seguir, a gente não tem tempo para remoer esses sentimentos, sabe? A maturidade profissional precisa chegar, e ela não vem através de momentos 100% legais e gostosos. Vai ter rejeição, vai ter feedback negativo, vai ter frustração, mas tudo isso vai te preparar para os perrengues maiores do futuro (afinal, eles chegam para todos). 

Ah, calma aí! Eu não estou aqui escrevendo como se NOSSA olha como ela é desapegada e madura, hahahaha nada disso. Eu ainda tenho muito chão pra percorrer. Mas do que eu já passei, aprendi algumas coisas sobre isso e tenho estudado sobre como me tornar uma profissional melhor. Isso faz parte da jornada que eu também estou construindo e todo dia se torna um novo aprendizado. Aprender a deixar uma ideia pra lá pode parecer algo pequeno, mas é extremamente leve você confiar e abraçar o caminho do outro. E se não der certo? Faz parte, a gente tenta novamente, de outra forma… e assim a vida segue. 

O que eu espero após este texto, é que você consiga ver a sua jornada profissional de forma mais tranquila e não com tanto apego. Assim, provavelmente você terá mais oportunidades de aprender, testar e se aventurar com outras ideias e perspectivas. E assim, a gente cresce e se conecta com o time ao nosso redor. 

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