Esse texto não tem intenção nenhuma de te incentivar a se demitir. Como você vai descobrir ao longo dele, mas imaginando que você faz parte dos millennials ou GenZ, esse momento vai chegar de qualquer forma. Como se demitir de “forma segura”, jovem GenZ.
Antes de começar, jovem que me lê, eu preciso te dizer: calma. Não saia se demitindo, não tome qualquer ação impensada. Estamos sim vivendo a era do Quiet Quitting, pessoas balanceando sua vida com o trabalho, e procurando encontrar uma equação mais saudável para sua rotina.
E além disso, nunca tivemos uma geração trabalhando que fosse tão auto-afirmativa e que já conhece seus desejos tão cedo no mercado de trabalho. Que já coloca limites e sabe o que quer e o que não quer compactuar. Então começamos a ver movimentos como a grande renúncia em forma de demissões voluntárias de forma muito acentuada, vindos como inspiração de países norte-americanos e europeus.
Contudo, jovem, esses movimentos chegam no Brasil em uma situação um pouco diferente. Por isso não vale você apenas se inspirar de forma impensada neles, sem localizar esse cenário: crise econômica importante, nos deixando com quase 10 milhões de brasileiros sem emprego. Automação (ChatGPT) ameaçando boa parte dos empregos futuros. Demissões em massa em empresas de tecnologia. Enfim, o cenário não é o dos melhores para ter atitudes impensadas.
AGORA, novamente, como eu sei que você faz parte da geração que não vai esperar o cenário ideal para nada (a geração a qual eu sou um grande entusiasta, diga-se de passagem) eu vou te deixar algumas dicas.
Reserva de emergência sempre é bom.
Esse é um clássico mas eu preciso começar por ele. Lembre-se que quiet quitting, a grande renuncia e tudo mais são movimentos que, ainda que representem uma geração, eles começam por uma bolha privilegiada que pode se dar ao luxo de abdicar de algumas coisas. Mas isso não quer dizer que caso você não tenha esse privilégio, você não possa sair de lugares que não te completam no trabalho ou não estão te fazendo bem. Então comece agora a sua reserva de emergência, caso você esteja vendo que vai precisar sair do trabalho em breve. Especialistas em finanças recomendam 6 meses de salário como mundo ideal. Desculpa, não estamos em um mundo ideal se o lugar que você está empregado/a te adoece ou você não aguenta mais. Então, tenha 3 meses, e imagine que você precisará fazer ele durar 6, então, você vai precisar diminuir alguns custos, talvez cortar o streaming, o lancho, etc. A Nath Finanças fala muito melhor disso que eu. Recomendo.
Já tenha um plano B “meio” definido.
Nem que esse plano B seja voltar para casa de seus pais. O que eu quero te dizer com essa dica é: tenha um breve caminho a sua frente. Não precisa ter detalhes. Muito provavelmente se você está saindo, é porque você não está aguentando mais. Então você não vai ter muito tempo de planejar detalhadamente seus caminhos. Um bom amigo uma vez descreveu isso como “avenidas profissionais” que se abrem. Quando você estiver em momentos de transição assim, ao menos liste algumas “avenidas profissionais/pessoais” possíveis, e também as pessoais. Seja voltar para a casa dos seus pais, começar a dividir o aluguel, sublocar um quarto do Apê. Essas coisas. Sem grandes detalhes, mas trace um plano possível para essa transição. Mas o mais importante aqui: se você está saindo, algo ali não te satisfaz. Tente ter clareza sobre que ponto é esse, para na sua próxima recontratação isso não ser uma questão e você nem abrir portas para lugares assim no futuro.
Deixe a porta *entre*-aberta.
Sabe aquela dica que seu pai/mãe/amigo/a te deu: nunca feche uma porta num antigo emprego, você nunca sabe o dia de amanhã. Falando como uma pessoa bem privilegiada aqui (coloque isso na sua vivência e seu privilégio), mas você quer mesmo deixar a porta entre-aberta pra voltar pra um lugar que não foi legal pra você ou te exigiu além do que contratava e tudo mais? Claro. Se você está saindo apenas pra buscar uma nova realização e o lugar ali era legal, beleza, talvez você queira voltar um dia. Quando não for o caso, deixe a porta entre-aberta. O que eu quero dizer com isso, mantenha contato com algumas pessoas chave que são pessoas que te ajudaram naquele lugar, que você curtiu estar junto. Essas pessoas também irão sair dali em algum momento, e vão ser seus próximos contatos nos próximos corres profissionais. Então, não acho que você “precise ser grato às experiências que você teve” por pior que tenha sido, como sugerem os coachs rsrsr. Mas não faz mal nenhum levar uns 4 contatos quentes de pessoas bacanas no linkedin.
Por falar em LinkedIn
Antes de sair, cruze as suas “avenidas profissionais” com uma breve pesquisa no Linkedin, e tire um termômetro das vagas disponíveis para essa sua transição de carreira futura. Dá uma olhada se o mercado está bacana, como estão os salários, se você consegue manter seu padrão de vida com as vagas futuras ou precisa dar uma reduzida. Tudo isso pode te ajudar a não ser pego desprevenido/a e esse momento de mudança, que vai acontecer invariavelmente na sua vida, não seja algo frustrante pra você.
Por fim, lembre-se, todas essas dicas são de um millennial que vive entre os boomers, a minha própria geração, e a sua, GenZ. Ou seja, eu tenho um pouquinho de você e um pouquinho dos seus pais. Várias dicas aqui são para você encontrar um terreno seguro, mas ao mesmo tempo te incentivando a ser você mesmo e confiar nos seus instintos, afinal, são eles que serão valorizados no futuro desse mercado.
Boa sorte, até seu próximo emprego. <3