Nós que trabalhamos com desenvolvimento de marca, branding, ou naming, nos encontramos em uma situação peculiar: é extremamente difícil encontrarmos métricas objetivas para avaliar a qualidade do nosso próprio trabalho. É cobrado de nós extrema produtividade, agilidade e rapidez de pensamento, encontrando respostas claras em um cenário turvo com uma frequência que tangencia nosso limiar de sanidade.
Esse cenário se choca frequentemente com o fato de grande parte dos profissionais da área serem perfeccionistas. É uma área que pela própria natureza requer detalhismo – o mais ou menos custa caro para arrumar. Não costumo comparar arte com design pois é uma linha perigosa de pensamento, mas fico pensando como quando os grandes artistas eram comissionados para pintar aqueles quadros milimetricamente planejados. A tinta precisava secar para poder vir uma segunda, terceira camada…
Hoje sinto que os profissionais que atuam em criação, e bebem de estratégia, se veem sem o tempo da tinta secar, tendo uma decisão encadeada na outra, com prazos apertados, limites esticados e a produtividade questionada.
Ninguém consegue um quadro com camadas se não espera a tinta secar.
A neurociência nos ensina que o perfeccionismo pode ser comparado a uma corrida em um labirinto, com curvas sinuosas e bloqueios inesperados, alongando seu final para um lugar cada vez mais distante e o tempo escapando cada vez mais no processo, independentemente da velocidade em que corremos. Como se o perfeccionista buscasse um final que não chegará – ouso dizer – por que ele não existe.
Por outro lado, a produtividade pode ser imaginada como uma trilha na floresta. A trilha pode ter seus próprios obstáculos, árvores caídas, terreno escorregadio, mas ela é conhecida e tem um objetivo claro à vista. Quem caminha pela trilha sabe exatamente onde está indo e o que precisa fazer para chegar lá.
Percebe como o perfeccionismo se veste de produtividade, mas é uma fantasia? Não existe produtividade se o objetivo final – da perfeição – não é passível de ser atingido.
Por isso volto no tema que começamos a conversa de hoje: se somos detalhistas, minuciosos e temos uma obsessão saudável pela qualidade, como não deixar o perfeccionismo arrastar a linha de chegada?
É importante lembrar que nem sempre o caminho mais rápido ou mais fácil é o melhor caminho. O que não significa que o fácil ou rápido é errado. As vezes você fez algo rápido e sem grandes dificuldades porque estuda e trabalha a tanto tempo naquilo, que desenvolveu uma prática e experiência que te leva trilha à dentro com habilidade de quem já tem muitos quilômetros rodados.
Por outro lado, querer resolver e deixar o detalhismo da porta para fora, te trará consequências, já que inevitavelmente a porta abrirá em algum momento e a qualidade será questionada.
É preciso ser persistente para atravessar a trilha e não torná-la um labirinto. Da mesma forma que a paralisia em frente a uma hiperanálise pode levar a procrastinação e sem saber decidir qual caminho seguir, ficará preso nela.
Encontrar um equilíbrio saudável entre perfeccionismo e produtividade é como encontrar o equilíbrio certo na trilha da floresta, sem correr e sem sentar. É preciso ter cuidado e atenção aos detalhes, mas também saber quando é hora de seguir em frente e focar na eficiência. É importante ter um objetivo claro e estar ciente dos obstáculos ao longo do caminho, mas também é preciso lembrar de cuidar de você durante a jornada.
Se você gostou dessa divagação, te convido para um debate. Perfeccionismo vs. Produtividade foi o tema do último episódio d’O Neurônio, meu podcast, ao lado da Caroline Mihailovici, psicóloga fenomenóloga (e minha amiga de mais de quinze anos).
LEIA MAIS:
10 Dicas de Marketing Digital para negócios locais
50 dicas de livros sobre comunicação e marketing digital
Teste seu conhecimento em Marketing Digital