IA vs Humanos

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Existe um abismo entre nós humanos e os robôs?

O ser humano está de duas, uma: apavorado ou extasiado com a crescente vertiginosa ascensão das novas inteligências artificiais. Alguns não aguentam mais ouvir sobre, outros salvam todos os possíveis “hacks” para ganhar tempo, ganhar produtividade ou ainda, trabalhar menos.

Recentemente participamos de debates e eventos que destacaram a preocupação com o desenvolvimento das novas tecnologias e qual o lugar delas perto das atividades humanas – o que fica, o que já mudou e o que ainda vai mudar. Com a pandemia, podemos observar um processo catalisador nas mudanças e inovações tecnológicas assim como no mundo do trabalho.

Hoje com o desenvolvimento da Inteligência Artificial já se fala em robôs, que são capazes de reproduzir muitas capacidades parecidas com as nossas, especificamente em âmbito racional e ocupacional (relacionado às atividades manuais e diretas que desenvolvemos). Isso provoca grande ansiedade do que pode vir a ser, e quando pensamos em quais espaços essas tecnologias avançadas podem ocupar.

Alguns relatórios sobre Futuro do Trabalho já mostram que algumas profissões estão sofrendo grandes mudanças e transformações, e isso aumenta nosso grande medo da incerteza e substituição. Se um robô faz o que nós fazemos, quem somos nós, se não peças em uma engrenagem maior, aguardando um upgrade? Além disso, os desafios a serem alcançados ou solucionados serão de alta complexidade, envolvendo novas habilidades e competências a serem desenvolvidas, independente da nossa área de atuação.

A questão que gostaríamos de levantar, não é se ainda há espaço para nós humanos, mas quais esses espaços seriam, e ainda mais: quais espaços ainda serão exclusivamente nossos?

Photo by Yuyeung Lau on Unsplash

Ainda defendemos a ideia de que a complexidade humana é grandiosa demais para ser completamente substituída, mesmo que exista a possibilidade de substituições de atividades operacionais e concretas, nossa capacidade de atingir uma consciência e interagir a nível social é ainda mais complexa do que qualquer raciocínio lógico e estruturado.

Nosso comportamento e repertório de aprendizagem compreendem 3 grandes níveis de análise que elucidam essa complexidade. A nível filogenético, analisamos o histórico de aprendizagem da espécie humana, transmitido por gerações anteriores e grandes adaptações ao longo de anos; A nível Ontogenético, analisamos aspectos da história de vida de cada indivíduo, compreendendo aprendizados específicos a cada subjetividade e interação em particular, e por último a nível sociocultural podemos pensar em grandes influências externas que nos ensinam e podem até mesmo controlar nossos comportamentos, e aqui, sem entrar em juízo de valor mas na forma com que podem nos influenciar a agir de determinadas formas.

Photo by Ben Sweet on Unsplash

Isso envolve uma gama alta de variáveis que podem interferir em aspectos humanos e comportamentais, e é por isso que somos fruto de muitas questões, interações e especificidades e não apenas aspectos racionais e lógicos. Sendo assim, cada pessoa aprende, percebe o mundo e tem necessidades diferentes a serem supridas, o que dificulta encontrar respostas e regras que funcionem a nível global (generalista para todos os casos). E aí que está o pulo do gato: humanos diferentes necessitam, desejam, anseiam, buscam e imaginam situações e estímulos diferentes, desde o nível mais superficial, até o mais profundo, incrustado na parte obscura da nossa consciência.

Podemos relacionar isso ao surgimento e crescimento do uso do Chat GPT e outras inteligências artificiais generativas, uma vez que a ferramenta vem destacar nossa urgência por soluções rápidas que facilitem alguns processos do nosso dia a dia, assim como a dinâmica de funcionamento de uma inteligência que articula dados para nos apresentar essas soluções. O ser humano vai, por natureza, buscar atalhos. O que nos difere da tecnologia é o crivo, a criticidade, a análise e a diferenciação estrutural que podemos colocar na mesa.

Alexandre Quaresma evidencia em seu artigo a complexidade da formação e conceituação de consciência em um paralelo com as atividades da Inteligência Artificial, e nele mostra como ainda temos grandes diferenciais que possibilitam um respiro esperançoso perto das atualizações tecnológicas. O surgimento de inteligências artificiais, como outras invenções, deve ser analisado e criticado quanto ao objetivo de seu uso. Acreditamos na importância de se analisar o porquê do uso da tecnologia, assim como destacar o que é único e exclusivamente humano.

SOMOS A JUNÇÃO DE TODA A COMPLEXIDADE QUE JAMAIS CONSEGUIRAM EXPLICAR DE FORMA SIMPLES.

Pensar em seres humanos então é envolver todo o caos da afetividade que nos cerca. As emoções e a decodificação delas para nossas vidas e interações sociais é um grande diferencial que faz de nós únicos e particulares. Uma das áreas que nos permite desenvolver e perceber esses aspectos é a construção e expressão pela Arte. Arte, essa, que não é a união de conceitos com um banho de aleatoriedade dentro de um repertório pré selecionado. Falamos da Arte que mergulha em se relacionar, expressar, comunicar, responder e reagir, que envolvem aspectos emocionais.

A Arte sendo um campo afetivo e intuitivo é a oportunidade para desenvolver e praticar habilidades humanas que estejam relacionadas diretamente às emoções. Não fomos incentivados desde a infância, em uma formação educacional modelo-fabril, a aprender e desenvolver Arte, mas encontrar nela um novo espaço e oportunidade para se desenvolver pode ser uma alternativa.

Talvez, compreender as emoções e destacá-las nunca foi um ponto tão forte a ser discutido, em um mundo onde as horas trabalhadas valiam mais do que os projetos desenvolvidos. Mas acreditamos que chegou a vez delas. Chegou a nossa vez, de criativos estrategistas, em quaisquer áreas que estivemos inseridos, com quaisquer formações que tenhamos tido. O que vai valer não é a estrelinha dourada no currículo, mas a capacidade de resolver problemas de maneira inventiva.

Photo by Senjuti Kundu on Unsplash

Dentre as capacidades humanas que acreditamos ser as maiores e mais potencializadoras, é ter a consciência de nossas ações, e também aprender a coexistir entre razão e emoção. Agimos e reagimos no mundo por influência das duas grandes áreas, por mais difícil que seja, não seria esse o nosso grande diferencial? Saber raciocinar ao mesmo tempo que nos emocionamos conforme as experiências.

Tomadas de decisões e resolução de problemas complexos e difíceis envolve também, o gerenciamento e manutenção das nossas emoções. Racionalizar por completo situações como essas, sem levar em conta nossa capacidade afetiva, nos faz “perder” a sensibilidade à alternativas e variáveis que influenciam nossas decisões e resoluções. Em resumo, agimos, decidimos, pensamos, comunicamos, comportamos de modo geral a partir da forma com que aprendemos a pensar e sentir de forma conjunta. Isso nem sempre ocorre de forma tranquila, no geral aprendemos a dar ênfase para o que conseguimos mensurar e compreender de forma racional.

Por isso, nossas emoções e capacidades sensitivas, são nossa grande e difícil carta na manga.

Obrigada por nos acompanhar até aqui! Se quiser continuar essa conversa, convidamos vocês a ouvirem o EP #09 d’O Neurônio: “Chat GPT vs. Capacidade Humana”.

Esse artigo foi construído a quatro mãos!

Maria Júlia Marques e Pip Seger.

Maria Júlia Marques é Estrategista de Marcas com base em Psicologia n’O Cérebro, aluna de último ano de Psicologia, modelo, ex. professora de Ballet e uma grandecíssima transdisciplinar. Conheça mais o trabalho dela em https://www.ocerebro.co/team

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Pip Seger
Fundadora, Head de Concept e Direção de Arte na agência ‘O Cérebro’, de Branding e Naming com base em 4 pilares teórico-metodológicos: Neurociência, Psicologia, Antropologia e Semiótica. 
Mestre em Psicologia Social na USP, Especialista em Branding pela IE. Business School de Madrid e Designer Gráfico formada pela Belas Artes. Professora e Palestrante. Co-host do Podcast O Neurônio.
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