Influência, busca pela Conexão e Circo

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Influenciar é causar proximidade por meio de uma identificação mútua entre as pessoas, que gera conexão e que pode induzir ou não a uma determinada ação.

Podemos dizer que a influência digital ganhou e continua ganhando grande espaço nas redes nos dias atuais. Porém pensar sobre influências envolve não só o digital mas integra a malha da sociedade desde os primórdios da humanidade, quando homens das cavernas tomavam a imagem central no grupo e ditavam o que seria feito na caçada, ou também com os Sofistas que iam peregrinando em busca de levar a “verdade” para mais pessoas – ou ainda, políticos tentando convencer que seus planos e objetivos são não apenas credíveis, como também melhores. As relações sociais são pautadas, entre outros aspectos, em trocas de influência.

Na cultura da performance que vivemos, somos incitados a fazer “circo” para encantar, estimular, entreter e envolver os outros – e recebemos como reforço e recompensa a sensação de sermos vistos e ouvidos. Metrificamos nosso sucesso, então, pelo quanto influenciamos os outros a fazerem algo. O valor pessoal ficou intrinsecamente interligado com o valor de mercado. Em um mundo onde tudo é comprável, pessoas viram marcas – e por isso, consequente, ficamos carentes de pessoas.

Trabalhar com Branding nos dá um espaço muito interessante para conseguir criticar a própria área com propriedade. É fácil colocar glitter, falar que tudo é lindo e redigir 5 passos para ter uma marca pessoal de sucesso – mas o buraco é mais profundo, e precisamos olhar de cima este tabuleiro (e não usamos esse termo por acaso, acreditamos que a Influência nasce e cresce por um jogo de poderes).

Photo by DTS

Pela perspectiva da Psicologia Comportamental, influenciar envolve tudo aquilo que exerce força sobre determinada resposta (comportamento): ação, sentimento, sensação ou qualquer outro aspecto do ser humano que esteja envolvido no processo de relação com esse ambiente influenciador. E então, entramos na questão: o que nos influencia e por que?

Photo by Gian Cescon on Unsplash

Pensando os seres humanos como seres sociais, emocionais e relacionais, que estão em constante troca, exposição e contato com outras pessoas e contextos, tudo pode ser capaz de nos influenciar, desde um modelo novo de roupa que está na moda — e então a influência se dá pela quantidade em massa de pessoas aderindo a um mesmo modelo, local de exposição primária à novidade (um desfile importante, por exemplo), ou ainda alguma característica da roupa, real ou representativa de algo — como uma ideia ou movimento social em que várias pessoas estão comentando, se engajando e se envolvendo por uma mesma causa: política, social, moral, ética (ou todas juntas).

Mas, por que certos aspectos nos influenciam mais do que outros? Será que, o que exerce tamanha influência sobre alguém tem grande relação com o tipo de identificação que percebemos e reconhecemos em determinada situação e experiência de vida?

A identificação nada mais é, que reconhecer aspectos em comum, entre pessoas, objetos, histórias, falas, e relacionar com alguma experiência anterior vivida, lembrada ou sentida. Sendo assim, é como se absorvêssemos experiências da outra pessoa, objeto ou situação em nós mesmos, gerando um reconhecimento a sensação de pertencimento para com a temática ali envolvida.

Pensando nisso, a Worth Global Style Network (WGSN) traz em seus insights e análises, desde 2021, o termo Genuinfluencers indicando uma tendência crescente de influenciadores voltados para a performance da autenticidade e debates dentro de temáticas culturais e mais relevantes, para além da venda do produto. A autenticidade, ponto importante dessa tendência, destaca questões intrínsecas as pessoas gerando um senso de identificação forte e consistente.

GenuinfluencersPhotos by DTS

Quanto mais nos identificamos com algum estímulo externo, ou seja, quando associamos questões pessoais com aquilo que nos está sendo apresentado há grandes chances de irmos em busca do que aquela identificação nos provoca. Se estou em contato direto com alguém que veste uma peça de roupa a qual me faz lembrar um momento de vida ou até mesmo uma pessoa especial, e se essa experiência tenha sido minimamente agradável ou significativa, a probabilidade dessa roupa ou pessoa exercer influência no que eu visto ou faço é grande.

GenuinfluencersPhotos by DTS

Será que a influência vem caminhando para um segmento cada vez mais real e pessoal? As pessoas estão buscando mais conteúdos que estejam relacionados diretamente com a realidade delas, ou com aquilo que elas ainda desejam obter? O real ou o aspiracional? Quem ganha essa batalha?

Temos a tendência de nos aproximar daquilo que nos remete à boas sensações ou boas experiências. Memória afetiva é um termo que elucida essa questão que, por meio do contato com sensações discriminativas a nossa reflexão com essas experiências passadas, junto da sensação e emoção que essa memória é associada, gera assim um afeto ao que foi vivido. Como uma possibilidade de reviver a mesma sensação anteriormente experimentada, muitas vezes de forma positiva e isso nos faz fixar o conteúdo com maior facilidade em nossas mentes e experiências.

Influenciar passou a ter mais relação com o tipo de experiência que alguém ou alguma marca te proporciona. O mais importante vem sendo a associação daquilo que reconheço na marca, junto do que já acredito/tenho como crença ou valor de vida. Para cada indivíduo o valor tem sua relevância e suas diferenças, mas a sensação e experiência uma vez vivida de forma impactante e relevante, fica registrada em nosso mais famoso banco de dados, nossa memória.

Talvez o passo para começar a refletir sobre influencias reais e significativas, seja a proximidade e identificação por questões cada vez mais humanas. Cada grupo social advém de um contexto repleto de necessidades, cultura e tradições que compreendem suas aspirações. O que nos atrai em algo ou alguém (sendo uma pessoa, objeto, marca, símbolo etc) é a sensação que nos causa, ou o valor em comum que compartilhamos, a questão não é mais só o que podemos entregar de conteúdo, produto ou serviço, mas de que forma ele chega e impacta na história de vida de quem entrará em contato com ele.

Em um país de Alto Contexto, somos todos influenciadores para alguém.

E com isso, o cuidado precisa vir dos dois lados, de quem influencia e de quem é influenciado, sabendo que os fatores éticos estão sendo contemplados e a carcaça de ouro está sendo controlada. Nenhuma vida é perfeita, e ninguém mais aguenta estar sujeito à Casa da Barbie que as redes sociais se tornaram.

Pessoas sentem saudade de pessoas, pessoas confiam em pessoas, pessoas acreditam em pessoas.

Obrigada por nos acompanhar até aqui! Se quiser continuar essa conversa, convidamos vocês a ouvirem o EP #013 d’O Neurônio: “Realidade Física vs. Virtual”.

Esse artigo foi construído a quatro mãos!

Maria Júlia Marques e Pip Seger.

Maju Marques é Estrategista de Marcas com base em Psicologia n’O Cérebro, aluna de último ano de Psicologia, modelo, ex. professora de Ballet e uma grandecíssima transdisciplinar. Conheça mais o trabalho dela em ocerebro.co/team

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Pip Seger
Fundadora, Head de Concept e Direção de Arte na agência ‘O Cérebro’, de Branding e Naming com base em 4 pilares teórico-metodológicos: Neurociência, Psicologia, Antropologia e Semiótica. 
Mestre em Psicologia Social na USP, Especialista em Branding pela IE. Business School de Madrid e Designer Gráfico formada pela Belas Artes. Professora e Palestrante. Co-host do Podcast O Neurônio.
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