Em mais um dia de cobertura do Share no Web Summit, o evento destacou as inovações que estão moldando a nova infraestrutura digital: da importância de proteger a identidade das marcas na era da IA generativa à valorização da economia dos criadores.
1. Autenticidade de Marca na Era Generativa
O desafio central para marcas como a Absolut é usar IA generativa sem diluir a identidade da marca. Ferramentas genéricas falhavam em replicar “pré-requisitos” cruciais, como a condensação correta na garrafa ou a textura do cocktail, resultando em imagens não autênticas.
A Absolut desenvolveu o Genie, uma ferramenta proprietária que traduz a essência e os playbooks da marca em “prompts paramétricos”. A lição é que a autenticidade não emana da máquina, mas do expertise humano amplificado pelo algoritmo. A empresa deve ser proprietária da maneira como o algoritmo interpreta sua marca. Esta abordagem interna é eficiente, chegando a ser até 20 vezes mais barata do que usar criadores terceirizados de ativos de IA.
2. O Data Layer da Propriedade Intelectual
A artista e tecnóloga Imogen Heap apresentou o Oracles (evolução do Creative Passport), projetado para ser a única fonte verdadeira de dados (IP) para obras criativas.
A missão mais urgente do Oracles é capacitar criadores a definirem permissões granulares sobre o treinamento de IA. Em um ambiente onde a origem humana ou gerada por IA está se tornando indistinguível, esta camada de dados preenche as lacunas e permite que serviços (como o SoundCloud) inovem de forma ética e confiante, oferecendo aos artistas (especialmente independentes) novas formas de monetização e controle sobre sua propriedade intelectual.
3. A IA Agêntica e a Reinvenção do Fluxo de Trabalho
A Manus AI detalhou que um agente verdadeiro possui agência, a capacidade de pensar, executar ações e aprender por conta própria e não é apenas um chatbot. A empresa foca em agentes gerais (não verticais) que operam em sua própria máquina virtual funcional na nuvem (seu próprio “computador”) para executar ações atômicas.
A fronteira da IA agêntica envolve a infraestrutura para suportar tarefas que duram dias e agentes trabalhando proativamente no background 24 horas por dia, sem a necessidade de um trigger humano constante. O principal obstáculo não é técnico, mas de mentalidade: líderes e equipes devem focar em aprimorar o ser humano com a IA (enhanced human with AI), em vez de tentar substituí-lo, superando uma perspectiva de risco para focar em benefícios.
4. A Economia dos Criadores e a Automação Financeira
A Visa formalizou o reconhecimento dos criadores de conteúdo como Pequenas e Médias Empresas (PMEs).
Há um desencaixe crítico: 68% dos criadores se identificam como donos de negócio, mas apenas 15% utilizam produtos financeiros empresariais (PJ), misturando finanças pessoais e corporativas. A maior dor é o fluxo de caixa, com pagamentos levando de 30 a 105 dias para serem recebidos, e faturas se perdendo em processos manuais.
A estratégia, baseada nos “3 Ps” (Programas, Parcerias, Produto), foca no Produto de automação agêntica de Contas a Receber e a Pagar (AR/AP). O criador define políticas (regras, limites) que o agente executa, atuando como um “piloto automático” financeiro. Além disso, parcerias como a Karat inovam no underwriting de crédito, utilizando “sinais de criador” (volume de produção, mix de receita) como fatores de risco.
5. A Pesquisa Women in Tech 2025: O Contraste da Geopolítica
A pesquisa do Web Summit, baseada em 671 participantes, revela um ano de fortes contrastes, equilibrando o otimismo da IA com o retrocesso da equidade de gênero.
Pessimismo Geopolítico: Pela primeira vez, 60% das mulheres acreditam que o equilíbrio de gênero na tecnologia está piorando (era 51% em 2024). Quase 56% atribuem esse retrocesso a mudanças geopolíticas recentes, que estariam tirando as pautas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) da agenda corporativa.
Otimismo da IA: Mais de 77% das entrevistadas usam IA diariamente para trabalhar de forma mais inteligente e economizar tempo. Cerca de três quartos veem a IA positivamente para melhorar a equidade, pois ela pode liberar tempo para tarefas criativas/estratégicas e ajudar a equilibrar a vida familiar. No entanto, um em cada quatro alerta que dados tendenciosos podem reforçar desigualdades.
Dilemas Pessoais: Os obstáculos centrais permanecem: viés de gênero inconsciente (68,3%), equilíbrio entre família e carreira (52,5%) e falta de mulheres na liderança. Mais da metade (56,5%) se sente forçada a escolher entre carreira e família, um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Confiança em Alta: Apesar dos desafios, mais de 81% das mulheres se sentem empoderadas para buscar cargos de liderança, um aumento acentuado em relação a 2024.
Amanhã temos o encerramento do evento e vamos compartilhar os insights por aqui!


