3 razões pelas quais o vídeo vertical é uma chave para compreender o Brasil

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E se eu te dissesse que estudar o formato vertical pode ajudar na compreensão da realidade à sua volta? Claro que não é a única chave, eu sei, mas é uma cada vez mais consolidada. Para quem é cabeça dura que só valoriza o audiovisual quando é o cinema clássico horizontal tradicional, cuidado, conteúdo sensível a seguir.

Transformações sociais

Primeiro, o vídeo vertical é uma das formas mais populares de produção e consumo de conteúdo digital, principalmente entre os mais jovens. Estudar o fenômeno vertical no Brasil pode ajudar a compreender transformações sociais que estão em curso. E não pense só em Instagram e TikTok, não. É do Kwai e Snapchat para baixo.

De acordo com um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas, existem 1,2 smartphones para cada habitante no Brasil e a cada venda de aparelho de TV, 3,3 celulares são vendidos. Sim, tem mais celular que pessoas no país. É um dispositivo cada vez mais numeroso no cotidiano e quanto mais ele circula, mais gente experimenta, usa, brinca, explora e cria.

A tela vertical já favorece a criação vertical. Aí entram as redes sociais, que estimulam tais criações pois se alimentam e dependem delas. Agora, as realidades são contadas por quem vive e nem todo mundo estava preparado para se olhar no espelho. Como estamos construindo o que é ser brasileiro em 2024?

Indústria Criativa

Segundo, a indústria criativa é uma das grandes forças que movem a economia brasileira e o vídeo vertical é um dos principais produtos dentro desse mercado. Pensa quantas publis são feitas todo dia por alguém criando verticalmente. De acordo com o Mapeamento da Indústria Criativa de 2022 feito pela Firjan, a economia criativa representa em torno de 3% do PIB brasileiro. Pode parecer pouco, mas na prática é muita coisa. São mais de R$217 bilhões de reais, valor semelhante à produção total do setor de construção civil e maior que a produção total do setor extrativista mineral.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) é referência no mapeamento da indústria criativa no Brasil e a organiza em 13 segmentos dispostos em quatro grandes áreas: Consumo, Cultura, Mídias e Tecnologia.

Os segmentos são:

Consumo: Publicidade & Marketing, Arquitetura, Design, Moda;

Cultura: Expressões Culturais, Patrimônio & Artes, Música, Arte Cênicas;

Mídias: Editorial, Audiovisual;

Tecnologia: Biotecnologia, Pesquisa & Desenvolvimento e Tecnologia da Informação & Comunicação.

Hoje, todas essas áreas citadas estão, inevitavelmente, afetadas pela comunicação vertical e pela criação de conteúdo, seja para si ou como fornecedores. As oportunidades comerciais são imensas e encorajam profissionais a desenvolverem novos modelos de negócio. 

Cidadania e política

E terceiro, o vídeo vertical também é uma das principais formas de expressão política e cidadania no Brasil, devido à inserção dos celulares nas nossas vidas. Muitos movimentos sociais e organizações usam o vídeo vertical para denunciar injustiças, promover mobilização social ou divulgar informações importantes. O estudo do vídeo vertical pode ajudar a compreender o papel dessas produções na construção da cidadania e da democracia no país. A criação do protesto digital também acaba sendo uma criação vertical inconsciente.

O brasileiro passa muito tempo colado no celular. Todo mundo meio que sente isso, apesar de não ter nenhum embasamento específico aqui pra essa opinião. Para quê você usa o celular? Sério que com tantos recursos nele, você fica só rolando o feed do insta? Não usa para editar um vídeo, para editar uma foto? Não usa para registrar e celebrar sua existência? Descobrir na palma da mão o caminho para ser protagonista da própria história, é um ponto de virada para muita gente. Se expressar é um ato político.

Raphael Vicente, cria da Maré, no Rio de Janeiro, faz sucesso na internet com esquetes verticais com sua família. O roteiro, direção, cortes e áudio dos vídeos tornam eles extremamente cinematográficos. O dispositivo usado para gravar se torna irrelevante, mas o que está posto, está posto. Ele apresenta a todos nós pequenos filmes verticais de curta duração no coliseu digital da internet. Quantas pessoas se inspiram nele e podem ganhar um Oscar um dia? Claro que Raphael tem total talento e capacidade de fazer conteúdos horizontais, mas foi no vertical que a semente foi plantada.

• Se você chegou até aqui: em 2023, lancei uma pesquisa chamada “Olhar Vertical”, que está disponível de graça. Nesse estudo, faço uma investigação sobre o impacto da linguagem vertical na sociedade, na cultura, na economia, no mundo do trabalho, na comunicação e muitos outros insights.

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Lucas Borba
Curioso e com o pensamento multimídia sempre alerta, já cocriei junto de grandes influenciadores e marcas como Netflix, Globo, Pepsi, Renner, Melissa e American Express. Desenvolvo narrativas que vão de conteúdos para marcas a documentários, de videoclipes a trends do TikTok, de fotografias a podcasts, de cobertura de festivais a projetos autorais. Enquanto educador e pesquisador, lancei o curso de criação de vídeos “Não é só um videozinho” e elaborei o Cantinho do Render, plataforma de pesquisa sobre a indústria criativa que em 2023 lançou o ebook “Olhar Vertical – Um estudo sobre o formato do Século XXI”. Em 2021, lancei meu primeiro documentário autoral chamado Não-Cidade e em 2022 o segundo, chamado O Amor do Brasil (disponíveis no YouTube).
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