A DMEXCO 2024, realizada nos dias 18 e 19 de setembro em Colônia, Alemanha, reuniu milhares de profissionais para debater as tendências do setor digital. Com mais de 900 palestrantes em 19 palcos, o evento destacou a crescente intersecção entre tecnologia e marketing.
A inteligência artificial dominou o debate desde a abertura, com o tema “Prompting the Future”. A IA generativa foi apresentada como peça central para o futuro dos negócios e da sociedade. Líderes da indústria compartilharam casos práticos de sua aplicação, ressaltando como a IA está se integrando aos ecossistemas empresariais.
Brendon Kraham, vice-presidente do Google, anunciou o lançamento do Gemini 1.5 Pro, uma ferramenta de IA generativa aprimorada. James Murray, da Microsoft, apresentou o CoPilot, que promete personalizar a interação entre consumidores e marcas, destacando o papel da IA nesse processo.
Daniel Hulme, Chief AI Officer da WPP, detalhou seis áreas de aplicação da IA generativa, incluindo automação de tarefas, geração de conteúdo, representação humana e aprimoramento de habilidades. Essas categorias refletem a visão estratégica da WPP para a adoção da IA.
Outro tema de destaque foi o crescimento exponencial do Retail Media na Europa. Daniel Knapp, economista-chefe da IAB Europe, revelou que esse segmento está crescendo quatro vezes mais rápido que o mercado de mídia, com uma alta de 22,1%. As projeções indicam que o mercado de Retail Media atingirá 31 bilhões de euros até 2028.
Linda Hoffmann, chefe de parcerias do Shopify, apontou a crescente demanda por experiências de compra mais integradas: “O consumidor quer estar em uma loja, seja onde for.”
Um dos painéis mais comentados, “Trends in Media 2025”, reuniu executivos de empresas como Pinterest, L’Oréal e Disney para discutir o futuro da mídia e o papel da IA. Nadine Kamski, diretora de mídia da L’Oréal, destacou o desafio de identificar quais tendências realmente impactam o negócio: “Nos últimos anos, metade das previsões de final de ano estavam erradas; nosso desafio é focar nos 50% certos.”
Eun-Kyung Park, vice-presidente da Disney na Alemanha, alertou sobre o uso ético da IA: “A IA pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição. É nossa responsabilidade garantir seu uso confiável.” Ela citou a proliferação de conteúdo gerado por IA como um exemplo de como a tecnologia está tornando a produção mais acessível, mas ao mesmo tempo, saturando o mercado com criações genéricas.
O consenso entre os executivos foi claro: a personalização é a chave para o futuro. Martin Bardeleben, diretor-geral do Pinterest, resumiu: “A personalização transforma interações digitais em experiências significativas.”
A discussão também abordou a crescente pressão por resultados em um mercado com orçamentos reduzidos. Robert Jozic, da Schwanz Media, destacou: “O desafio não é só ser criativo, mas ser eficiente em um mercado que exige mais com menos.”
Ao longo do evento, ficou evidente que a IA, além de automatizar processos, precisa evoluir para promover bem-estar e experiências emocionais positivas. Eun-Kyung reforçou essa ideia ao afirmar: “Precisamos de uma IA que inspire, não apenas uma automação fria.”
A criatividade, cada vez mais importante em um cenário saturado de conteúdo gerado por IA, foi uma das apostas para o futuro. Como concluiu Eun-Kyung: “Precisamos trazer de volta a magia do marketing, com ênfase na qualidade e criatividade.”
Artigo publicado originalmente na BAND