Quando todo mundo tem o selo azul, porque eu iria querer?

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Você se lembra quando o Orkut passou pela atualização para o Novo Orkut, e você só conseguia entrar se tivesse o convite? Logo você achava pessoas vendendo no mercado paralelo convites por modestas quantias de até 100 reais. Algo que seria liberado naturalmente a todos os usuários com o tempo. 

Você deve se lembrar também quando ser verificado em uma rede social era algo desejável, né? Ter o “arrasta pra cima” que só os 10 mil seguidores traziam. Pois é, era um demarcador social de que você “chegou lá”, seja lá onde for esse “lá”.

Depois do CEO do Twitter, após sucessivos erros na gestão da plataforma, parece, EM ALGUMA MEDIDA, ter acertado. A plataforma disponibilizou pelo valor módico de 60 reais por mês o Twitter Blue, o selo de verificado do Twitter pode ser comprado, e isso te dá o direito ao botão editar tweets, tão pedido pelos usuários, upload de vídeos em 1080p, ver metade dos anúncios na plataforma, etc. 

Porque eu disse que ele acertou? Porque a Meta seguiu a decisão e também está lançando serviço semelhante. É claro que só porque as big techs seguiram a tendência não significa um acerto, obviamente, mas vamos imaginar que empresas como Meta não dão um passo como esse sem antes contratar várias consultorias para estimar ganhos e perdas. 

Segundo um analista da Bloomberg, o Meta Verified (como é chamado o serviço na Meta), pode colocar nos cofres da Meta cerca de 2 a 3 bilhões de dólares, já que o serviço será comercializado, a princípio, por U$11,99. 

Mas então, não devem haver perdas, não é? É um acerto, sem dúvidas. Será? 

Primeiro de tudo, o selo de verificação sempre foi um diferencial de notoriedade, um símbolo notório de que você era alguém relevante naquela plataforma. Quando todos passam a ter acesso de forma paga a esse serviço, esse caráter se perde, e você passa naturalmente a ter um pouco menos interesse neste símbolo.

O segundo ponto é que esse selo também trazia consigo a certeza que você estava lendo um conteúdo confiável. Se estivermos falando de uma fonte de notícias ou personalidade, significa que de fato é aquela pessoa que está postando (ou endossando) aquele conteúdo. Mas o que acontece quando você pode simplesmente pagar por ter esse selo, as informações continuam “verificadas”? 

É claro que a empresa vai pedir uma documentação mínima no caso de personalidades e tudo mais, mas o que acontece com marcas, empresas que criam conteúdo jornalístico. Em tempos de fake news esse é um assunto muito importante para marcas, não é? 

Segundo a Meta, o que um perfil verificado terá acesso, além do selo, é, nada mais nada menos, que: “proteção proativa da conta” – aqui podemos imaginar algo como segurança extra para usuários verificados, ou seja, vamos lembrar que o foco são creators e marcas que podem sofrer tentativas de hackers ou contas falsas – “acesso a suporte” – provavelmente conversas com especialistas da plataforma sobre problemas e bugs, talvez? – e a cereja do bolo: “aumento de visibilidade e alcance” (?!?!?!?!). Pois é meus amigos e amigas. Eu também desdenhei do verificado, até saber que daria mais alcance. Todo mundo quer ter seus conteúdos mais entregues.

Então o selo de verificado te posiciona melhor no algoritmo?

Claro que isso está só no campo das ideias, já que o serviço passará por testes nos próximos meses, mas isso com certeza muda tudo. Segundo a plataforma, esse aumento da visibilidade significa “proeminência em algumas áreas da rede social, como buscas, comentários e recomendações”.

Veja, o grande calcanhar de aquiles dos criadores de conteúdo sempre foi o alcance. Você fica limitado por um algoritmo mesmo tendo uma comunidade querendo ver seus conteúdos. Imagine você, gestor/a de marca que se dedica o mês inteiro para que seus conteúdos cheguem aos seus potenciais clientes, mas a plataforma te limita tanto. Não tiraria 60 reais a mais da sua verba para ter um selo de verificado e ter seus conteúdos mais recomendados?

É claro que aqui estou só no campo das ideias, já que não sabemos se marcas poderão ter esse selo, afinal, Meta é uma plataforma de mídia, seu maior interesse é vender anúncios. Com marcas tendo seu conteúdo mais entregue, sua receita de anúncios poderia diminuir, não é? 

Bom, muita coisa ainda pode acontecer, mas o fato é que adicionar essa pequena característica ao verificado, de maior entrega e recomendação, no mínimo traz de volta o interesse pelo verificado à pessoas que travam batalhas duras com o algoritmo para um mínimo de constância nas entregas de seus conteúdos.

Resta saber o que acontece com as recomendações quando todo mundo pagar para ser mais entregue, né (rs). Todo mundo tendo selo azul e pagando para ser mais recomendado, tudo pode soar como um anúncio não desejado, né? Bom, isso fica para um próximo artigo.

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