Você é uma pessoa criativa ou um profissional criativo?

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Quando a gente pensa em criatividade e trabalho, logo vem na cabeça a imagem do profissional criativo que trabalha na indústria criativa. Quase aquele arquétipo do jovem descolado de agência publicitária, mas existem outras personas que poderíamos imaginar.

Se a consciência de pertencer à classe trabalhadora já impõem desafios, estar consciente do lugar que ocupa dentro da classe criativa também tem suas peculiaridades. 

Vamos por partes. Às vezes parece confusa a diferença entre indústria criativa e economia criativa. Esse é um ótimo momento pra gente visualizar cada coisa no seu lugar. 

Indústria criativa:

É como se fosse uma fábrica invisível de produção de riquezas onde a matéria-prima é a criatividade. Dentro desse conglomerado está quem bota a mão na massa de verdade, que faz os produtos e executa os serviços criativos. Se quiser saber um pouco mais, depois leia meu último artigo aqui no Portal Share. 🙂

Economia criativa

É uma forma de estabelecer -dentro do capitalismo- uma rede de emprego, renda e produção junto a diversos outros setores “não criativos” da sociedade. Essa rede é sustentada a partir dos produtos e serviços feitos pelos trabalhadores da indústria criativa. É como se fosse o ponto de encontro e vendas da galera que cria para ganhar a vida com a galera que compra para lucrar a si mesma.

Até aqui tudo bem? Compreende onde estamos indo? Economia criativa seria um conceito mais amplo que representa uma rede maior de pessoas (e profissionais) afetadas pela criatividade e que não necessariamente sejam criativas.

A partir de agora, eu dividiria essa história em três segmentos:

  1. Profissional que é criativo e trabalha na indústria criativa;
  1. Profissional que não é criativo mas trabalha na indústria criativa;
  1. Profissional que é criativo e trabalha em outra indústria.

O profissional que é criativo e trabalha na indústria criativa (1), está no seu habitat natural, com todas as inquietações possíveis de pertencer à classe trabalhadora no século XXI. Faz das dificuldades seu aprendizado, adquire experiência com projetos cada vez mais ousados e com a responsabilidade de ser mais referência em determinado assunto ano após ano.

São profissionais que extraem da criatividade a capacidade de gerar valor comercial a marcas, empresas, pessoas, seja através de uma mensagem genuína ou totalmente inventada. Trabalham com consumo, informação, dados, cultura, arte, comunicação. Se divertem na realização de ações inovadoras e curiosas. Mas ainda existe um universo inteiro de profissionais que não são criativos mas trabalham na indústria criativa (2).

O cenário vai desde o colega de exatas, de administração, do jurídico, contabilidade, até equipes de operação, seguranças, construção civil, alimentação, energias e segue. Tantas áreas que exercem seu trabalho por terem a indústria criativa como fonte de dinheiro e demanda, não como um chamado que veio da alma. Aqui a criatividade é usada como moeda, produto e ferramenta econômica. O que não é problema algum, mas é algo bem diferente do primeiro tipo que falamos. 

Os profissionais que são pessoas criativas mas trabalham em indústrias que não são (3), passam uma barra que só quem vive sabe. Ser videomaker na indústria farmacêutica, ser designer na indústria automobilística, ser estrategista na indústria financeira, ser profissional de social media na indústria de transportes, ser líder de comunicação na indústria alimentícia. São pessoas ou equipes que, através do design, da comunicação, da arte, da moda, da programação, do marketing, enfim, da geração de novas ideias, ganham a vida gerando valor para empresas e marcas.

Neste cenário, a criatividade costuma abstrair seus gostos pessoais ou propostas de melhoria. Se quiser dar alguma sugestão, que seja de baixo risco e baseada em dados de produtividade, visando resultados lucrativos, claro. Para estar nesse meio, é preciso estar preparado para conter seu potencial criativo e não se frustrar com isso. A última palavra provavelmente não será a sua e tá tudo bem, aceite e faça seu trabalho que amanhã é outro dia. A esses profissionais, minha dica é desenvolver algum projeto pessoal, no ritmo que puder. Projetos pessoais são ótimos espaços para extravasar seu estilo, exercitar novas ideias e experimentar a si mesmo.  

Isso tudo mostra como a indústria criativa é gigante, como gira muito dinheiro, como os trabalhadores de fato produzem muita riqueza usando sua mente criativa como ferramenta. Lembrando que essa mente criativa depende de um ritmo de vida saudável para funcionar bem, boa alimentação, bom transporte, luz, água, moradia, segurança e etc, mas isso é assunto pra outro artigo 🙂 

• Se você chegou até aqui: Divulgado a cada dois anos desde 2008, o Mapeamento da Indústria Criativa acompanha o desenvolvimento da área criativa no Brasil e nos estados e é feito pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). Neste link você pode acessar a versão mais recente, lançada em 2022, e as anteriores. Vale muito a pena!

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Lucas Borba
Curioso e com o pensamento multimídia sempre alerta, já cocriei junto de grandes influenciadores e marcas como Netflix, Globo, Pepsi, Renner, Melissa e American Express. Desenvolvo narrativas que vão de conteúdos para marcas a documentários, de videoclipes a trends do TikTok, de fotografias a podcasts, de cobertura de festivais a projetos autorais. Enquanto educador e pesquisador, lancei o curso de criação de vídeos “Não é só um videozinho” e elaborei o Cantinho do Render, plataforma de pesquisa sobre a indústria criativa que em 2023 lançou o ebook “Olhar Vertical – Um estudo sobre o formato do Século XXI”. Em 2021, lancei meu primeiro documentário autoral chamado Não-Cidade e em 2022 o segundo, chamado O Amor do Brasil (disponíveis no YouTube).
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