Até onde vai a essência do minimalismo no mundo criativo?

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Não sei se você já percebeu a onda de minimalismo “bege” em que nos encontramos hoje: é tudo neutro, com belas fontes serifadas, pequenos e poucos elementos gráficos que resultam em criações similares, elegantes, clássicas… e com pouca vida.

Claro que antes de julgar (principalmente por termos uma pessoal afeição com bege), temos que considerar o cenário atual pós-pandêmico: mundo mais slow, pessoas querendo mais qualidade do que quantidade, saturação do consumo de conteúdo e uma possível e provável recessão econômica. Os tempos mudaram, as pessoas mudaram, os gostos mudaram e a forma de consumir mudou.

Ser minimalista vai além de uma estética visual; é uma maneira de pensar e abordar a criação e o Branding. No core do minimalismo está a ideia de eliminar o excesso, focando apenas nos elementos essenciais para transmitir uma mensagem ou contar uma história. É uma busca pela simplicidade, clareza e funcionalidade.

Nos questionamos em que momento o minimalismo atual passou a ser “bege” ao se encaixar em uma série de de regras (que ninguém honestamente sabe de onde surgiram) para ser considerado verdadeiramente minimalista.

A definição do minimalismo visual tange os conceitos de que deve ser limpo, objetivo, mas não monótono e cansativo, ou seja, requer também, mesmo que poucos, recursos criativos que expressem a classe e objetividade do minimalismo de maneira criativa e única. Minimalismo não deveria ser repetir uma fórmula de estilo ou justificar preguiça de trabalhar usando uma fonte padrão com texto preto em fundo branco.

Nesse ponto conseguimos entender que o minimalismo nos proporciona, em essência, liberdade para expressões que vão além dos tons neutros e de uma família tipográfica; ele nos permite explorar texturas, cores, formas orgânicas e elementos não-tão-óbvios. Desde que ao final da exploração, tenhamos alcançado um resultado que seja entendido facilmente por várias tribos e grupos sociais como simples (e diga-se de passagem, “simples” é um dos termos mais complexos de ser completamente entendido e explicado).

Uma cabeça brilhante que explorou o conceito de simplicidade foi o filósofo francês René Descartes. Ele defendeu o método cartesiano, que consiste em duvidar de todas as crenças e ideias preconcebidas, a fim de alcançar uma compreensão clara, efetiva e assertiva. Descartes acreditava que, ao reduzir o conhecimento ao mínimo indubitável, poderíamos chegar a uma base sólida para a construção do conhecimento. Sócrates (que será citado por nós em toda e qualquer oportunidade), é conhecido por seu método de questionamento e sua busca pela verdade, e acreditava que a verdade poderia ser alcançada através do processo de retornar ao básico, questionando as suposições e crenças arraigadas e incrustadas na malha e na cultura da sociedade.

Então seria a grande busca do minimalismo visual, ser simples por ser verdadeiro? Retomar a autenticidade em um mundo de plástico, em busca da verdade que mora nos detalhes intencionais?

A falta de criatividade ao expressar-se como uma marca minimalista, por exemplo, é o puro resultado de acomodação “no que já dá certo”, sem levar em consideração partes importantíssimas da personalidade de uma marca, resultando em muitas marcas similares e sem diferenciação. Fica então uma missão: devemos encontrar uma forma de expressar personalidade dentro do minimalismo, que vai além daquilo que o mercado costuma explorar.

Fechamos o papo de hoje com uma ideia: o minimalismo no branding pode ser de grande ajuda para marcas se destacarem – quando bem utilizado. Em um cenário onde a atenção do consumidor é a moeda de troca mais valiosa, e disputada por várias marcas sedentas para ampliarem sua atuação e bombardeando de estímulos visuais, a simplicidade e o minimalismo podem trazer base e essência, para criarmos uma conexão memorável.

O simples bem feito abre portas para o extraordinário entrar.

Obrigada por nos acompanhar até aqui! Se quiser continuar essa conversa e olhar para o lado humano da diferenciação e autenticidade, convidamos vocês a ouvirem o EP #08 d’O Neurônio: “Comportamento de Massa vs. Perda de Identidade”.

Esse artigo foi construído a quatro mãos!

Malu Pasini e Pip Seger.

Malu Pasini é Designer e Estrategista de Marcas d’O Cérebro e também CEO e Diretora Criativa da HellYeaCo, estúdio de Design Minimalista. Conheça mais o seu trabalho em: https://www.ocerebro.co/team e https://www.hellyea.co/

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Pip Seger
Fundadora, Head de Concept e Direção de Arte na agência ‘O Cérebro’, de Branding e Naming com base em 4 pilares teórico-metodológicos: Neurociência, Psicologia, Antropologia e Semiótica. 
Mestre em Psicologia Social na USP, Especialista em Branding pela IE. Business School de Madrid e Designer Gráfico formada pela Belas Artes. Professora e Palestrante. Co-host do Podcast O Neurônio.
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