Comunicação acolhedora não é papo good vibes

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Eu tenho falado bastante de comunicação acolhedora e sinto que preciso começar contando como surgiu essa história. Spoiler: foi no pior momento da minha vida. Era março de 2021, o início da segunda onda da COVID-19 aqui no Brasil, e minha mãe testou positivo. Eu era o único filho que já tinha pego e, naquela época, como não tinha vacina, o único que, supostamente, tinha algum tipo de proteção. Moro em São Paulo, minha família no sul. Então, lá fui eu viver meus últimos 17 dias com a melhor pessoa do mundo, a minha mãe: Alice. 

Foi tudo muito rápido… os primeiros dias em casa, depois internou no hospital e, quando não parecia que poderia piorar, piorou. Ela teve um agravamento súbito e foi entubada. Eu sou Relações Públicas, sempre trabalhei com comunicação e adoro compartilhar minhas experiências em redes sociais. Neste momento difícil não foi diferente e, para minha surpresa, ao ser vulnerável fui extremamente abraçado nas redes sociais. Ou melhor, fui muito acolhido. Eram muitas mensagens, gente mandando boas vibrações todos os dias, torcendo pela recuperação da minha mãe e depois chorando junto comigo quando ela se foi.

E foi no meio dessa dor, dessa tristeza e dessa raiva; sim, o luto nos traz raiva, eu pensei: como a internet, que é um lugar de tanto ódio, fake news e cancelamento, pode ser tão boa comigo? Como essa troca com esse tanto de gente tá sendo (e é até hoje!) importante pra mim. E aí, veio a provação: se a internet pode ser um lugar melhor, por que o mundo não pode? Eu imagino que você deve estar me achando aqueles caras de positividade tóxica, mas juro que não sou. Talvez eu seja, sem vergonha alguma de assumir, um eterno sonhador, um cara que acredita nas coisas boas. 

Os meses de luto foram de muita tristeza. Fui tomado por um sentimento de que a vida nunca mais seria boa. Mas, pouco a pouco, fui vendo que mesmo com saudade e com a dor da perda da minha mãe, a vida seguia e ela poderia seguir boa! E foi nesse processo que eu me dei conta que a comunicação acolhedora não era uma ferramenta só para ajudar a passar por momentos difíceis, ela poderia ser uma ferramenta para tentar construir um mundo melhor. Um mundo mais leve, mais legal, mais feliz. Você não acha que um mundo onde as pessoas se comuniquem melhor, seria um mundo melhor para todos? Não precisa ser da área da comunicação para saber que se comunicar melhor é um desafio para todos e, mais do que isso, boa parte dos problemas que temos na vida (pessoal e profissional) vem de ruídos de comunicação.

Passei boa parte de 2021 lendo, estudando, escrevendo e compartilhando pensamentos sobre a comunicação acolhedora. Um dia fiz um post falando sobre a gente tomar mais chá e menos café (que, aliás, vai virar um episódio aqui do nosso podcast), refletindo sobre estar sempre na correria e tudo mais. Esse post rendeu muitas trocas e um convite especial: contar a história da comunicação acolhedora no TEDx São Paulo, o que era um grande sonho meu. Olha como a vida não é uma linha reta… eu estava realizando um sonho, fazer um TEDx, mas isso só aconteceu porque o luto me fez falar disso. 

Fiz o TEDx, continuei estudando, aprendendo, compartilhando e, em 2022, comecei a fazer palestras sobre o tema. Fui para dentro de algumas empresas falar disso e, quanto mais eu falava, mais eu me dava conta: isso não é um papo good vibes. Comunicação acolhedora é uma ferramenta poderosa, é a resposta para marcas e pessoas construírem reputação com relacionamentos mais verdadeiros. Aliás, tão aí duas palavras que valem ouro nos dias de hoje: relacionamento e reputação. Mas isso também é papo para outro episódio. 


Eu vejo muita gente com dúvida, “Alf, qual a diferença de comunicação acolhedora para comunicação não violenta?”. Pois a CNV (Comunicação Não Violenta), criada pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg, é a grande referência da comunicação acolhedora. Sem dúvidas, eu diria que a principal diferença está no olhar mais forte para o sentimento, e isso está no DNA do brasileiro. É diferente! 

Além da CNV, tenho estudado muito sobre vulnerabilidade, com a Brené Brown, muito sobre a nossa evolução, com o Yuval Harari, e aquela tradicional pesquisa de Harvard sobre felicidade. Enfim, um grande caldeirão de conhecimento. Mas não fico só nos estudos… com mais de 20 anos de atuação profissional, consigo trazer o olhar prático da comunicação. Estou sempre em eventos, sempre trocando, sempre aprendendo, para depois compartilhar. 

Eu entendo quem tem receio de que a comunicação acolhedora seja um papo good vibes, mas repito: não é. Cuidar da comunicação e das pessoas é estratégico para qualquer negócio. Qual tipo de líder você acha que terá um resultado melhor: aquele que grita com todos e não é amigo de ninguém ou aquele que conversa e cobra, mas de forma respeitosa? Estamos em 2023, foi-se a época de que bom eram os que gritavam. Hoje em dia, é preciso bons argumentos e uma boa comunicação. 


Por fim, deixo outra provocação para vocês: não tenham medo de buscar o lucro, o resultado e a performance. A gente precisa parar com essa lenda de que só pisando em cima dos outros, e se matando, conseguiremos chegar lá. É preciso construir formas mais saudáveis de ascender e, mais do que isso, de continuar fazendo as coisas darem certo. O grito some rápido, o acolhimento fica pra sempre. 

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