O Web Summit 2025 consolidou-se mais uma vez como o epicentro das grandes transformações que moldam a tecnologia, a economia e a sociedade. Nossa participação no evento confirmou que estamos vivendo uma era de aceleração sem precedentes, onde o foco deixa de ser apenas a eficiência e passa a ser a reimaginação de processos e a centralidade humana na era da Inteligência Artificial (IA).
O Palco da Abertura: Inovação e Novo Equilíbrio Global
A Cerimônia de Abertura da Web Summit não só deu as boas-vindas aos participantes, mas também marcou o começo de uma nova fase no jeito como enxergamos a tecnologia e seus impactos.
O CEO da Web Summit, Paddy Cosgrave, ressaltou a velocidade da mudança, observando que “Dez anos atrás já parecia que o mundo estava mudando rápido, mas não é nada comparado à velocidade com que o mundo está mudando hoje”. Ele celebrou a história de sucesso, mencionando a Revolut, que de uma pequena startup com três pessoas há dez anos, hoje é a empresa de tecnologia privada mais valiosa da Europa.
Um dos temas mais urgentes apresentados foi o declínio da era de domínio tecnológico ocidental, com Paddy Cosgrave destacando que a competição agora é global, mencionando robôs humanoides e modelos de IA abertos, que “não são americanos, e sim chineses”.
Ele também deu ênfase ao sistema de pagamento em tempo real Pix, criado pelo Banco Central do Brasil, que pode revolucionar os sistemas de pagamento globais por ser “inteiramente gratuito”. Na Europa, o centro de gravidade está mudando, com a Polônia emergindo como um “exemplo de uma nova Europa”.
O Prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, destacou o sucesso da cidade como hub, mencionando a “Fábrica de Unicórnios de Lisboa”, que já conta com 16 unicórnios e se prepara para lançar o 17º durante o evento. Moedas sublinhou que os ingredientes essenciais para a inovação são a Justiça Social (com o lançamento do maior prêmio de inovação social da Europa) e a Cultura e Arte. Ele citou a vencedora do Prêmio Nobel de Medicina, Tu Youyou, para ilustrar como a leitura de textos antigos e poesia (cultura) levou à descoberta de uma cura para a malária, concluindo: “a cultura é a fonte secreta da inovação no mundo digital“.
Web Summit 2025 em números oficiais:
De acordo com o relatório oficial “Record investors at Web Summit 2025, bucking industry trends“:
- O Web Summit 2025 acolheu 71.386 participantes de 157 países.
- O número de investidores presentes atingiu um recorde de 1.857 (de 86 países), representando um aumento de 74% em relação aos 1.066 do ano anterior. Este é o maior número já registrado no evento.
- 2.725 startups de 108 países estiveram expondo.
- Notavelmente, 40% das startups são fundadas por mulheres.
- 869 palestrantes participaram dos palcos.
- Cerca de 200 startups do programa de 2024 garantiram investimento pós-evento, totalizando US$ 715,5 milhões.
Os 3 Macro Temas que redefinem a economia global para o Web Summit 2025:
Os debates e apresentações nas trilhas temáticas sinalizaram três grandes áreas de convergência tecnológica e estratégica que estão redefinindo o mercado:
1. A transformação radical da força de trabalho pela autonomia dos Agentes de IA
A IA generativa não é apenas uma ferramenta de eficiência, mas um catalisador para a redefinição fundamental do trabalho e das carreiras. O impacto mais imediato está na liberação do tempo humano para tarefas de maior valor.
- Agentes de IA e Produtividade: Estima-se que os agentes de IA podem aumentar significativamente o tempo que os vendedores dedicam à interação com clientes, passando de cerca de 30% para algo como 70%. Em funções como Desenvolvimento de Vendas (SDR), a IA já está assumindo tarefas mais determinísticas, permitindo que o talento humano seja redistribuído para tarefas de maior valor, como prospecção outbound.
- A Importância das Habilidades Humanas: Com a automação de tarefas repetitivas, há uma demanda crescente por talentos com habilidades interpessoais (soft skills), como criatividade, resolução de problemas, comunicação e julgamento. O papel dos humanos se concentra em fornecer a visão, definir os objetivos e qualificar o trabalho (os estágios onde a IA é “muito ruim”), enquanto a IA executa.
- O Novo Gestor: O futuro do gerenciamento pode envolver a supervisão de agentes (Agent Manager), um papel que exige mais habilidades analíticas e orientadas a conteúdo do que as de um SDR típico recém-formado. A tendência é que as equipes se tornem menores e mais especializadas, atuando em missões específicas, em um modelo de talento mais “líquido”, facilitado por plataformas globais de freelancing.
2. A reinvenção da experiência e da criatividade através da personalização em escala
A IA está desmantelando os modelos tradicionais de marketing, storytelling e comércio, ao permitir uma personalização massiva e experiências conversacionais.
- Comércio e a Toil Cognitiva: O uso de IA torna as compras online significativamente mais fáceis, eliminando a “toil cognitiva” de horas de pesquisa. Um agente pode recomendar o produto certo em segundos. No entanto, esta facilidade só será adotada se houver confiança e segurança.
- A Nova Fronteira do Agente Comércio: Para construir essa confiança, o ecossistema de pagamentos está focado em quatro pilares: identificar e registrar agentes legítimos; verificar a identidade humana; comunicar que a transação é agentiva; e, crucialmente, capturar a intenção do consumidor para garantir recurso em caso de erro.
- Storytelling Generativo: Marcas estão se transformando em “sistemas de marca inteligentes” capazes de criar campanhas infinitas e dinâmicas que aprendem e evoluem sozinhas. Um exemplo de sucesso é o uso de modelos treinados para gerar centenas de milhares de vídeos personalizados em semanas, transformando o abandono de carrinho em narrativas individuais.
- Esportes e Engajamento de Fãs: No esporte, a IA não só melhora a preparação e recuperação dos atletas (por meio de análise biomecânica e dados preditivos), como também recompensa a curiosidade dos fãs, oferecendo comentários e análises aprofundadas que antes eram reservados apenas para jogadores de alto nível.
3. A Soberania Digital e os Desafios da Infraestrutura Global
O crescimento exponencial da IA está intrinsecamente ligado à capacidade dos países e empresas de construir e proteger a infraestrutura tecnológica necessária.
- Soberania e Infraestrutura: Portugal, por exemplo, está posicionando-se como um hub de IA, com o desenvolvimento de uma nuvem soberana nacional para garantir independência, confiança e segurança. A Agenda Nacional de IA do país busca reforçar a soberania digital e atrair investimentos significativos. A China também investe massivamente, liderando globalmente em patentes de IA, capacidade de computação (ocupando o segundo lugar) e large models (1509 modelos lançados).
- O Gargalo da Computação e Energia: Um grande desafio na adoção da IA em escala é o custo da infraestrutura. A indústria ainda está restrita pela restrição de fornecimento (supply constrained), necessitando de mais capacidade para atender às crescentes cargas de trabalho. Estima-se que, nos EUA, até 2028, um quarto de toda a energia produzida será utilizada para cargas de trabalho de IA, destacando a energia como um potencial gargalo.
- ROI vs. AGI: Em um momento de altos investimentos (estimados em mais de 400 bilhões de dólares em infraestrutura por grandes players de tecnologia), a questão do Retorno Sobre o Investimento (ROI) é central. As empresas que estão obtendo sucesso são aquelas que reinventam processos e adotam agentes de forma integrada, em vez de apenas retrofitting seus sistemas existentes.
O maior evento de tecnologia da Europa está rolando, e o Share vai seguir acompanhando tudo de perto.
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