Em 2025, 66% dos profissionais criativos já usam inteligência artificial no dia a dia. O dado da Adobe vem com um insight relevante: 74% afirmam que a IA aumentou sua produtividade, liberando tempo para o que realmente importa — elaborar ideias, conceitos e narrativas.
Essa transformação não se resume à velocidade de execução. O início de uma campanha, o desenvolvimento de uma ideia e a construção de uma estratégia estão sendo redesenhados. E tudo começa pelo briefing. Antes extenso e validado por muitas mãos, ele agora dá lugar a algo mais direto, interativo e dinâmico: um prompt.
Uma nova forma de pensar
Durante muito tempo, o briefing foi um documento extenso, estruturado e validado por múltiplas áreas. Reunia objetivos de campanha, tom de voz, referências visuais e descrição do público. Esse era o ponto de partida para o processo criativo tradicional. Com a chegada da inteligência artificial generativa, essa lógica foi virada do avesso.
Hoje, com ferramentas como ChatGPT, Midjourney e DALL·E integradas às rotinas de trabalho, o novo começo de uma campanha pode ser um simples comando de texto. Um prompt bem escrito, claro e estratégico é capaz de guiar a IA na criação de soluções iniciais. E isso muda completamente a lógica da criação: a instrução, que antes era passada a uma equipe humana para discussão e brainstorm, agora é testada primeiramente com uma máquina, que retorna, em segundos, uma série de ideias, esboços e possibilidades para validação.
IA generativa deixa de ser tendência e passa a ser infraestrutura criativa
O impacto da inteligência artificial generativa é tão significativo que a McKinsey & Company estimou, em 2023, que essa tecnologia poderá gerar até 4,4 trilhões de dólares por ano na economia global. Cerca de 75% desse valor virá de áreas como marketing, vendas e atendimento. Isso coloca o nosso setor no centro da transformação. A IA não está apenas otimizando processos, ela está redesenhando as práticas e os papéis da criação.
Esse avanço também pede uma nova competência. O prompt engineering, ou engenharia de comandos, tornou-se uma skill importante. Segundo um guia publicado pela Anthropic e divulgado pelo Business Insider, práticas como definir o papel da IA na tarefa, estruturar pedidos em etapas e oferecer exemplos claros são fundamentais para gerar boas respostas. Ou seja, o valor da criação está migrando para quem sabe escrever o comando certo.
O prompt pode até substituir um briefing, mas não o pensamento estratégico
Na prática, essa mudança significa menos tempo gasto em reuniões e brainstorms dispersivos, e mais ciclos rápidos de testes com a IA. Um único prompt pode gerar dezenas de variações de textos, imagens e conceitos. E isso é feito em minutos. O prompt entrega o contexto, o tom, o público e o formato desejado. Ele é o novo ponto de partida da criação publicitária.
É importante deixar claro que essa transformação não representa a perda do pensamento estratégico, muito pelo contrário. A IA não cria sozinha: ela responde a comandos, e quando esses comandos são genéricos ou mal escritos, o resultado tende a ser decepcionante. Mas quando são claros, criativos e bem direcionados, a IA responde com consistência, inovação e agilidade. Nesse sentido, o prompt é uma continuação do briefing — só que mais objetivo e operacional.
Menos achismo, mais experimentação
Ao incorporar a IA desde o início do processo criativo, o papel da equipe muda. Em vez de buscar a ideia perfeita logo na primeira tentativa, as pessoas passam a testar abordagens, experimentar tonalidades e explorar referências com muito mais agilidade. O trabalho ganha uma nova cadência, e a criação se torna mais ajustável.
Essa mudança valoriza ainda mais o olhar humano. Enquanto a IA gera variações com base em padrões, a equipe faz curadoria, adaptações e refinamentos com sensibilidade estética, contexto cultural e intuição de marca. Ou seja, a IA amplifica, mas não substitui. Ela apenas libera tempo para o que não pode ser automatizado.
Como implementar essa nova lógica de criação
Se a sua equipe ainda não começou a usar IA nos estágios iniciais da criação, aqui estão alguns passos para começar com consistência:
- Aprenda a escrever bons prompts. Isso inclui clareza de objetivo, definição de papéis, escolha de tom e estrutura desejada.
- Crie uma biblioteca de prompts eficazes. Com o tempo, você vai perceber que alguns formatos funcionam melhor para certos tipos de entrega.
- Use a IA para prototipar, não para finalizar. Deixe que a máquina entregue as primeiras versões, mas mantenha o refinamento humano como etapa essencial.
- Faça testes. Ajuste o prompt conforme a IA responder, e registre aprendizados ao longo do processo.
- Capacite sua equipe em prompt engineering. Pequenos treinamentos internos podem gerar grandes ganhos de produtividade.
Como mensurar o impacto
A adoção do prompt como novo briefing também pode ser avaliada com dados. Essas podem ser algumas métricas úteis:
- Tempo médio até a primeira versão de uma peça
- Quantidade de variações criadas por campanha
- Redução no número de revisões ou tempo de aprovação
- Aderência ao tom de voz da marca
Esses indicadores ajudam a mostrar que não se trata apenas de “usar IA”, mas de transformar o processo criativo em algo mais responsivo.
A criação não perdeu profundidade. Ela ganhou velocidade
Vivemos tempos de urgência produtiva. A demanda por conteúdo, campanhas e entregas cresceu e a IA surge como uma aliada nesse contexto. Mas a velocidade só tem valor quando está a serviço da relevância. Não basta produzir mais, é preciso produzir com propósito.
É aí que o novo briefing, ou melhor, o prompt, mostra seu valor. Ele economiza tempo, reduz ruídos e oferece mais espaço para o pensamento criativo florescer. Quem aprende a usar esse recurso com estratégia, passa a liderar a criação em vez de apenas responder às demandas.