Começo esse texto dizendo pra você, que sou entusiasta da Tecnologia e da inovação. Digo isso, praticamente pedindo desculpas caso o conteúdo aqui soe como um banho de água fria na empolgação que o ChatGPT tem trazido ao mercado nos seus primeiros testes.
O novo queridinho do público, responsável por atingir 100 milhões de usuários em apenas 2 meses, quebrando completamente todos os recordes das últimas plataformas lançadas, deixou pra traz o seu rival no hype – o badalado “metaverso”, comendo poeira.
Veja abaixo uma rápida pesquisa no Google Trends dos últimos 90 dias.
Talvez a grande diferença entre ambos, sem considerar a tecnologia, é a capacidade que o ChatGPT tem trazido a tona a cerca da mudança das relações, não sendo apenas um avanço de um novo canal ou comunidade, mas que vai afetar gerações, e definitivamente relembrar conceitos trazidos por Levy e André Lemos a cerca da Ciborgização.
Para aprofundar minhas reflexões a cerca do tema, convidei o ChatGPT para se apresentar, já que ainda estamos em uma bolha e nem todos tem conhecimento sobre o que estamos falando:
Bastam 5 minutos em conversa com o ChatGPT que eu já fiquei em dúvida sobre o que perguntar. Sobre o que mais perguntar. Uma sensação estranha. A capacidade das respostas, das relações trazidas, e, pasmém, da criatividade, gerou aquela pulguinha atrás da orelha, já que numa relação humano-humano, você começa a achar aquele papo legal, julga que é um tempo bem investido, quer desenvolver um relacionamento de amizade ou, ao menos, admiração pela inteligência apresentada pelo colega.
Mas não, pera… por 5 anos nas minhas palestras e cursos eu falei constantemente: O homem e a máquina terão sempre uma relação complementar.
A máquina automatiza, gera escala em soluções, e deixa para o homem aquilo que nunca conseguirá fazer bem feito: ser criativo e usar sua capacidade de persuasão (artigo escrito aqui em maio de 2022). Mas hoje, já não tenho tanto essa certeza sobre essas afirmações, muito pelo contrário.
O ChatGPT talvez esteja sendo um dos marcos da 4a revolução industrial, do sistema físico-cibernético. Uma 5a revolução vem aí? Nenhum de nós sabe. O que se sabe é que estamos entrando em uma Guerra Fria!
A poderosíssima inteligência artificial, composta por mais de 100 milhões de parâmetros responsáveis por interpretar, criar, associar, indicar ou esclarecer, é capaz de criar textos científicos e artísticos (experimente pedir pra ele escrever um poema sobre algum tema). Não bastasse isso, a mesma inteligência artificial está criando imagens customizadas através de palavras-chave; em breve criará vídeos. Mais em breve ainda…
- Ao receber um e-mail você não precisará responder por completo, a ferramenta trará uma sugestão de resposta, incluindo o contexto apresentado do e-mail, com uma sugestão de solução, alimentado por todos os dados da sua empresa, conectando com aspectos do seu cliente, e das tendências de negócio do mercado;
- Você não precisará preparar um feedback ao seu colaborador, pois a IA analisou todos os comportamentos apresentados pela pessoa, e ela mesmo já consegue preparar um novo Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) para os membros da sua equipe, conectando todo conhecimento existente na web, e até fora dele (afinal, ela criará materiais especializados para cada indivíduo).
A máquina está invadindo o espaço criativo!
A magia de transformar ideias em palavras e em conteúdos, dá lugar as palavras associadas por parâmetros. O que pulsa entre linhas de códigos? Será o mesmo que pulsa na adrenalina de resolver um problema? Seria mais importância a essência das relações ou a relação com velocidade à prova de erro?
O homem já assumiu sua imperfeição, já os códigos desenvolvidos pela OpenAI, laboratório estadunidense sem fins lucrativos responsável pela criação da IA, estão em constante aperfeiçoamento – principalmente após o investimento bilionário da Microsoft. Enquanto escrevo esse texto, milhares de cientistas, arquitetos e desenvolvedores preparam lançamentos dos concorrentes. O Google Bard vem aí!
É uma Guerra Fria. Será também uma terra fria?
Eu preciso da máquina para evoluir. Ela precisa de mim para evoluir. Não nos atacaremos, nos respeitaremos, mas não sabemos pra onde essas relações irão levar. Por um lado, são incontáveis os ganhos para as jornadas de marcas e usuários, a altíssima capacidade que uma IA trará para evoluir a medicina aplicada, sem contar nos mais variados estudos científicos que trarão inovação para diferentes segmentos do mercado. Por um outro, quem seremos nós? Qual será o nosso papel?
Quero e vou me adaptar, mas o medo é real!
Até a próxima!
P.s.: esse texto não possui nenhum parágrafo escrito com o uso do ChatGPT. Melhor avisar, por que, né…?